quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

INDICAÇÕES AO PRÊMIO AÇORIANOS

MELHOR DIREÇÃO: JESSÉ OLIVEIRA
MELHOR FIGURINO: RAQUEL CAPPELLETTO
MELHOR TRILHA SONORA: LUIZ ANDRÉ DA SILVA
MELHOR ILUMINAÇÃO: JESSÉ OLIVEIRA E MIGUEL TAMARAJÓ (JACKA)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ficha Técnica

DIREÇÃO
Jessé Oliveira
Elenco:
Glau Barros
Silvio Ramão
Adriana Rodrigues
Eder Santos
Leandro Daitx
Wagner Santos
Silvia Duarte
Flávio Oya Tundê
Ravena Dutra
Lucila Clemente
Josiane Acosta
Diego Neimar
Dramaturgia
Viviane Juguero
Iluminação
Miguel Tamarajó e Jessé Oliveira
Operador de Luz performer
Camila Lopes de Moraes
Direção musical
Luiz André da Silva
Preparação Vocal
Marlene Goidanich
Assessoria em Religião e danças africanas
Baba Diba de Yemonjá
Preparação corporal
Jessé Oliveira
Preparação em dança
Joca Vergo e Marilice Bastos (Dança Contemporânea)
Coreografia
Jessé Oliveira e Joca Vergo
Operador de Luz
Juliano Barros
Operador de som
Evelise Mendes
assistência de produção e bilheteria
Karla Meura
direção de Produção e Assessoria de Imprensa
Silvia Abreu

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tirésias-Orumiláia


sete generais




Antígona BR – uma genética da tragédia
Por André venzon – artista plástico
12.06.08

Antígona BR, nova montagem do Grupo Caixa-Preta que estreou no Theatro São Pedro e fez temporada recente no Renascença em Porto Alegre, revela-nos a genética de uma tragédia. Anunciam a universalidade deste mito tebano no abrir das cortinas em vários idiomas e renovam esta trágica história preservando sua complexidade. Exploram a sensualidade total dos elementos cênicos e personagens. O elenco, jovem e exuberante, abusa da sensualidade no corpo dos atores-bailarinos-cantores. As cenas parecem ter sido pintadas quando revelam um cromatismo rico, sem cometer excessos, com soluções tão criativas quanto poéticas – como as transferências dos personagens da tragédia tebana em orixás da cultura afro-brasileira, ou a planta “espada de São Jorge” usada na mão dos guerreiros em combate no lugar daquela arma. Bem como o nó, unindo os vestidos de Antígona em Iansã que sugere dois destinos... O sincretismo religioso e a mistura de estilos plásticos; o flerte com o musical; o episódio da santificação de Antígona; o ar evangélico do Creonte pastor; o fogo, as velas, a água e a água-de-cheiro, o momento sublime quando o corpo de Eteocles “caminha no ar” tem aspecto divino com iluminação perfeita. Podemos perceber que, o mito, principalmente assim, tão próximo da realidade, é recriado pelo trabalho de direção, que confere a tragédia elementos de comédia, manipulando e construindo, com contra-regras em cena, num jogo de posição e oposição a história. A voz de Antígona, por outro lado, revela mais do que o sucesso na escolha do texto para atriz, destaca uma estrela em brilho ascendente. O desenho dos corpos dos irmãos Polinice (Wagner Santos) e Eteócles (Éderson Santos), também associados a orixás, Cosme e Damião, ou Ode e Ogum, respectivamente, no jogo de capoeira, na luta-investidura revela uma beleza clássica. Só há uma explicação para tanta qualidade, à pesquisa de direção de Jessé Oliveira e a capacidade técnica e carga emocional empregada pelo elenco, o que retumba no extenso do espetáculo. A dança das iaôs e a sutileza camaleoa dos vestidos-saias – axós - que mudam do colorido para o azul, preparando o ritual para Iemanjá. Os figurinos têm ao mesmo tempo unidade, exemplo da cena com Os Sete Contra Tebas, e contraste entre os deuses e o cidadão comum, protagonistas e coro de anciãs, que ao mesmo tempo apresentam características de velha-guarda de escola de samba e de velhas carolas, resulta numa imagem mais próxima do povo atual. Na cena do enterro do corpo de Polinice, a solução dos jornais que simbolicamente o cobrem – e logo depois – no desfecho do espetáculo, são também os veículos para estampar a tragédia, das sucessivas mortes que selam o fim do reinado de Creonte. A platéia é participante no momento dos doces (balas) que são jogadas como oferendas pelos irmãos Cosme e Damião.
Há verde, azuis, vermelho e branco na composição cromática do espetáculo, as guias são acessórios que tem uma carga, uma força tão expressiva que os personagens só precisariam usá-los para se sentir vestidos. A propósito, a cena em que o filho de Creonte, Hemon (Diego Neimar) tira a roupa, que já destoa desde sua entrada, sugere muito bem, a sensualidade na transformação do corpo, primeiramente, pelo traje camuflado de guerra, logo o ator poderia se quisesse vestir só as guias nas cores do arco-íris que o identificam como Oxumaré (Orixá que é seis meses homem, seis meses mulher) não fosse a necessidade dos panos, com suas estampas e padrões característicos, marcando uma singularidade, assim como as cores e a quantidade de contas nas voltas das guias.
Estamos diante de um espetáculo pensado com uma capacidade absoluta de relacionar o que temos de mais primitivo e mais contemporâneo, sem fazê-lo de forma irreconhecível, abstrata, nem incompreensível e hermética, a desordem própria característica do nascimento do mito, é revista de forma eclética, mesclada a signos da cultura afro-brasileira, o que revela também um índice universal da cultura ocidental a ser reconhecido.

Etéocles-Ogun e Polinice-Odé lutam


2° emparedamento de Antígona-Nossa Senhora Aparecida